O jornalismo feminista se constrói como um espaço que visa dar voz às mulheres, articulando em suas pautas questões atinentes à essa minoria sociológica e voltando-se para esse público especificamente. Considerando esse contexto, essa pesquisa elege como objeto empírico dois veículos midiáticos feministas produzidos por e voltados para mulheres, os sites/blogs “Think Olga” e “Dibradoras” e tem por objetivo investigar suas estratégias discursivas a fim de compreender, a partir de suas representações em torno das mulheres esportistas, quais as formas de consumo simbólico do esporte que emergem a partir dessas representações. Para tanto, adota como perspectivas teóricas os estudos de gênero/sexo/sexualidade e das corporalidades, além do esporte, que permitem a investigação da fluidez e da performatividade dos corpos, com suas possíveis transgressões e/ou adequações. Essa investigação também perpassa as noções das biossociabilidades e do reconhecimento, articulando-as aos estudos do consumo simbólico do esporte. Adota, como itinerário metodológico a Análise de Discurso de Linha Francesa (ADF) com ênfase na questão das formações discursivas. Em outros termos, iremos analisar quais são, na materialidade de um discurso em particular (neste caso, da representação das mulheres esportistas), as influências e coerções vindas de outros discursos também em circulação. Espera-se, com essa investigação, abordar como as mulheres esportistas/atletas são articuladas por uma mídia que se pretende feminista e analisar quais as formas de consumo simbólico do esporte são possíveis a partir dessas rearticulações na instância da produção. Como resultados, a pesquisa aponta o impacto que a representação midiática, por se atrelar à noção “mulheres”, suscita na circulação dos sentidos. Também destacamos a preponderância da mídia feminista que, ao apresentar às suas consumidoras o esporte, faz circular importantes e distintos significados acerca das mulheres atletas/esportistas, decorrentes de embates discursivos mais profundos do que a própria noção de esporte deixa antever.
A pesquisa gera possibilidade de atuação com educação midiática, para incentivar a produção e o consumo consciente de conteúdo. Habilita a produção de programas para promoção da equidade de gênero nas organizações.